quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Polícia de MG está preparando para tentar despejar a Ocupação Wiliam Rosa, em Contagem, MG.

Polícia de MG está preparando para tentar despejar a Ocupação Wiliam Rosa, em Contagem, MG.
Por frei Gilvander Luís Moreira

Hoje, dia 23/10/013, de madrugada, recebi, via secretaria da CPT/MG, um e-mail (Ofício de convocação) do ten. Cel. comandante do 18º Batalhão da PM de MG, situado em Contagem, MG, me convidando, como assessor da Comissão Pastoral da Terra (CPT), para reunião, hoje, dia 23/10, às 09:30h, para reunião de preparação para efetuar o despejo da Ocupação Wiliam Rosa, situada perto do CEASA/MG, no bairro Laguna, em Contagem, MG. Agradeço o convite e a manifestação de respeito e admiração pelo nosso trabalho e pelo trabalho da CPT em MG. Mas devo fazer sete considerações.
Primeiro, não poderei ir à reunião, porque devo fazer palestra em Seminário na PUC/MG, das 10 às 12:00h, hoje. Segundo, convite assim em cima da hora para quem tem agenda cheia ... Terceiro, agora, hoje, a partir das 09:00h está acontecendo Audiência Pública na Assembleia Legislativa de MG, na Comissão de Direitos Humanos, sob a liderança dos deputados Durval Ângelo e Rogério Correia, para discutir as violações de direitos fundamentais, especialmente do direito à moradia de 11.900 famílias que estão ameaçadas de despejo em 4 ocupações: 3.900 famílias da Ocupação William Rosa, localizada no Município de Contagem, 4.500 famílias da Ocupação Vitória, localizada no município de Belo Horizonte, 2.000 famílias da Ocupação Esperança, localizada entre a Ocupação Vitória e a Ocupação Rosa Leão, com 1.500 famílias, no bairro Zilah Sposito, em Belo Horizonte. É uma gravíssima contradição isso: enquanto se discute em Audiência pública como encontrar saídas justas para respeitar os direitos humanos do povo das ocupações, a PM fazer reunião para preparar despejo. Por isso também peço que a reunião da PM seja adiada.
Quarto, SE A CONSTITUIÇÃO FOR RESPEITADA, NENHUMA REINTEGRAÇÃO DE POSSE EM OCUPAÇÕES COLETIVAS PODE SER FEITA. Eu, frei Gilvander Moreira, concordo 100% com a professora Delze dos Santos Laureano ao dizer: "Se fossem mesmo levados a sério os direitos humanos fundamentais nenhuma reintegração de posse poderia ser feita nas ocupações coletivas, pois esses atos ferem de morte o direito à dignidade da pessoa humana, o direito à alimentação e à moradia. Afrontam, violentamente, tais decisões contra a democracia, os direitos das crianças, dos idosos, dos deficientes. Todos que estes recebem, por força da própria constituição, ainda que formalmente, a proteção do Estado."
Quinto, a Ocupação Wiliam Rosa já entrou com Agravo de Instrumento junto a TJMG questionando a Liminar de reintegração de posse concedida de forma atabalhoada e sem ouvir o outro lado, o das 3.900 famílias que ocupam o terreno. Há uma série de ilegalidades que estão sendo questionadas juridicamente. Por exemplo, o terreno está registrado em nome do Governo de MG e não do CEASA. O local apontado é diferente do local onde está a ocupação, etc.
Sexto, a história nos mostra que DESPEJO JAMAIS É SOLUÇÃO JUSTA para grave problema social como o que envolve essas 11.900 famílias das 4 ocupações acima referidas. Despejo só piora mil vezes o problema social. Acirra os ânimos, cria condições para se fazer massacres, o que é abominável. A solução justa para superar de forma justa esses conflitos sociais passa necessariamente por Política, por diálogo, por negociação, por política de habitação séria, popular e massiva, com participação social. Jamais polícia, repressão, vai resolver o problema que as ocupações urbanas e rurais estão desvelando.
Sétimo, temos em Belo Horizonte, dois exemplos que devem ensinar muito a todas as autoridades. Há 3 anos atrás, a tropa de choque da PM de MG acompanhou guardas municipais da prefeitura de BH e seus fiscais e gerentes e, sem decisão judicial, demoliram 11 casas de alvenaria na Ocupação Zilah Spósito/Helena Greco. Jogaram gás de pimenta no povo, inclusive em criança de 4 anos. Fizeram um terror. Mas, a Rede de Apoio chegou rápido e, sob a liderança da Defensoria Pública de MG, área de Direitos Humanos, conquistamos uma liminar que impediu demolir as 20 casas que resistiam em pé. Moral da história: Após 3 anos estão lá 160 casas de alvenaria construídas. Conquistamos a retirada do secretário da PBH, regional Norte, que comandou a operação. O Ministério Público denunciou 11 soldados que estão respondendo processos. E o povo está lá firme na luta. No Barreiro, dias 11 e 12 de maio de 2012, um verdadeiro aparato de guerra – 400 policiais, cavalaria, helicóptero da PM, caveirão – durante 36 horas, despejou 350 famílias da Ocupação Eliana Silva, aterrorizando as crianças que, abraçadas nas mamães, gritavam: “Mãe, a polícia vai nos matar.” Traumas indeléveis. Mas três meses depois, a Ocupação Eliana Silva ressuscitou ocupando outro terreno a um quilômetro de distância e hoje, após 1,5 ano já estão com 300 casas de alvenaria construída e a Comunidade segue, de cabeça erguida, sob a guia do MLB – Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas.
Enfim, eu poderia arrolar aqui outros argumentos, mais por ter que sair correndo para a palestra na PUC/MG, fico por aqui, na esperança de que as autoridades e os comandantes tenham a sensatez de não tentar despejar as 4 ocupações referidas, acima, e nenhuma outra, sem antes efetuar um profundo processo de negociação. Policiais são também trabalhadores, da classe trabalhadora e não estão obrigados a cumprir ordens que são contrárias à lei maior de Deus, que diz: Não matarás!
Abraço terno. Frei Gilvander Moreira





Polícia Militar está fazendo reuniões preparando o despejo da Ocupação Wiliam Rosa. Cf. Ofícios endereçados a frei Gilvander.



Contagem/MG, 21 de Outubro de 2013.


Ilustríssimo Senhor
Assessor da Comissão da Pastoral da Terra – MG,

JOSÉ ANTONIO DA SILVA, Tenente-Coronel PM, Comandante do 18º Batalhão de Polícia Militar, situado nesta Cidade, no uso de suas atribuições legais, em enorme respeito e admiração pela Pastoral da Terra - MG, e para o auxílio dos mandamentos contidos no art. 129 da CRFB, bem como vossas atribuições previstas na Lei Nº 8.625/93 e Lei Complementar n° 34/94, serve da oportunidade para convocá-lo a integrar o grupo de articulação para a desocupação de área privada invadida nesta Comarca, conforme delineações previstas em nossos documentos institucionais, bem como procedimentos contidos no Manual de Diretrizes Nacionais para Execução de Mandados Judiciais de Manutenção e Reintegração de Posse Coletiva do Departamento de Ouvidoria Agrária e Mediação de Conflitos – DOAMC do Ministério do Desenvolvimento Agrário, conforme se segue:

BREVE HISTÓRICO DA INVASÃO.
Na madrugada de 12 Outubro de 2013, iniciou-se a invasão, denominada Willian Rosa, do imóvel com aproximadamente 330 famílias, no dia seguinte foi estimada em mais de mil famílias. Área com cerca de 150 mil metros quadrados, pertencente ao governo federal, sob a responsabilidade do CEASA/MG. Localizado próximo ao Ceasa Minas, no Bairro Jardim Laguna Contagem/MG, nas imediações da Av. Severino Ballesteros Rodrigues.

MANDADO JUDICIAL.
Em 14 de outubro de 2013 foi expedido o Mandado de Reintegração de Posse, Processo nº 0079.13.071.478-9 da 4ª Vara Civil de Contagem, determinando a Reintegração de Posse à autora CEASAMINAS.

FINALIDADE E OBJETIVOS GERAIS.
Cumprir o referido Mandado Judicial desenvolvendo ações conjuntas com múltiplos órgãos a fim de assegurar as garantias e o respeito às normas constitucionais, essencialmente àquelas decorrentes dos artigos 1º, 3º e 4º da Constituição Federal, que contemplam como fundamentos da República Federativa do Brasil: a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, a erradicação da pobreza e da marginalização, a redução das desigualdades sociais e regionais, a prevalência dos direitos humanos e a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

EXECUÇÕES INICIADAS.
Como medida de planejamento prévio à execução, nossa Unidade realizou algumas inspeções no local e colheu subsídios básicos sobre a quantidade de pessoas que serão atingidas pela medida, bem como a presença de crianças, adolescentes, mulheres grávidas, idosos e enfermos. Tais informações serão compartilhadas com os demais órgãos envolvidos com o cumprimento da medida e serão apresentadas em local, data e horário mencionados abaixo.
Do exposto, aguardamos a honrosa presença de V. Sª., ou representante, à reunião de articulação que está agendada para o dia 23 de Outubro de 2013 (quarta-feira), às 09h30min na sede da 2ª RPM, na Rua Igarassu, Nº 215, Bairro Novo Eldorado, Contagem/MG.
Respeitosamente
JOSÉ ANTÔNIO DA SILVA, TEN-CORONEL PM
*** COMANDANTE ***

Ilustríssimo Senhor
Frei Gilvander Luís Moreira
Assessor da Comissão da Pastoral da Terra (CPT/MG)
Rua Cassiterita, 59 – Bairro Santa Inês.
Belo Horizonte-MG


Polícia Militar convoca Segunda reunião para discutir despejo da Ocupação Wiliam Rosa. Cf. o Ofício convocatório, nas duas fotos, abaixo, endereçado a frei Gilvander. 



terça-feira, 29 de outubro de 2013

Despejo de 150 famílias, demolição de 150 casas de alvenaria, casas de pobres. QUE INJUSTIÇA. Isso em Contagem, MG, dia 29/10/2013. Vou contar isso a vida toda. Enquanto o déficit habitacional na região metropolitana de Belo Horizonte está acima de 200 mil moradias, eis uma grande injustiça: o TJMG + Prefeito Carlin Moura (PCdB) + Governo de MG + Polícia militar + oficiais de justiça + TV Lobo etc despejaram e jogaram nas ruas, porque no ar não podem ficar, cerca de 150 famílias sem-terra e sem-casa que estavam na Ocupação no Bairro Tupã, em Contagem, MG. E DEMOLIRAM mais de 150 casas de alvenaria, casinhas construídas com muito suor e com empréstimos que devem ainda ser pagos. Que injustiça! Deixa o povo sem-terra e sem-casa e, após o povo torrar a paciência, e ocupar uma área perto da Várzea das Flores vem representantes do Estado capitalista, nada democrático, dizer que é área ambiental e, assim, tentam justificar o despejo e a demolição das casas. Assim, se cria mais violência social. Mas ... as lágrimas das crianças, das mulheres, das vovós e a indignação sentida por todos que abominam agressões à dignidade humana vão irrigar novas lutas. Fizeram uma Sexta-feira da Paixão em Contagem, MG, hoje, dia 29/10/2013, mas assim como Jesus ressuscitou ao terceiro dia, o povo pisado e humilhado hoje vai dar a volta por cima e vai "ressuscitar" na luta pelos seus sagrados direitos humanos, entre eles, o direito de morar com dignidade. A luta continuará! Será que quem mandou, fez ou compactuou com o despejo, a demolição das casas e jogar 180 famílias no olho da rua, vão poder colocar a cabeça em um confortável travesseiro e dormir em paz? As lágrimas dos despejados clamam por justiça! Abraço terno na luta. Frei Gilvander Moreira http://globotv.globo.com/rede-globo/mgtv-2a-edicao/v/terreno-invadido-e-desocupado-no-bairro-tupa-em-contagem/2921342/ 29/10/2013.

Despejo de 150 famílias, demolição de 150 casas de alvenaria, casas de pobres. QUE INJUSTIÇA. Isso em Contagem, MG, dia 29/10/2013. Vou contar isso a vida toda.

Enquanto o déficit habitacional na região metropolitana de Belo Horizonte está acima de 200 mil moradias, eis uma grande injustiça: o TJMG + Prefeito Carlin Moura (PCdB) + Governo de MG + Polícia militar + oficiais de justiça + TV Lobo etc despejaram e jogaram nas ruas, porque no ar não podem ficar, cerca de 150 famílias sem-terra e sem-casa que estavam na Ocupação no Bairro Tupã, em Contagem, MG. E DEMOLIRAM mais de 150 casas de alvenaria, casinhas construídas com muito suor e com empréstimos que devem ainda ser pagos. Que injustiça! Deixa o povo sem-terra e sem-casa e, após o povo torrar a paciência, e ocupar uma área perto da Várzea das Flores vem representantes do Estado capitalista, nada democrático, dizer que é área ambiental e, assim, tentam justificar o despejo e a demolição das casas. Assim, se cria mais violência social. Mas ... as lágrimas das crianças, das mulheres, das vovós e a indignação sentida por todos que abominam agressões à dignidade humana vão irrigar novas lutas. Fizeram uma Sexta-feira da Paixão em Contagem, MG, hoje, dia 29/10/2013, mas assim como Jesus ressuscitou ao terceiro dia, o povo pisado e humilhado hoje vai dar a volta por cima e vai "ressuscitar" na luta pelos seus sagrados direitos humanos, entre eles, o direito de morar com dignidade. A luta continuará! Será que quem mandou, fez ou compactuou com o despejo, a demolição das casas e jogar 180 famílias no olho da rua, vão poder colocar a cabeça em um confortável travesseiro e dormir em paz? As lágrimas dos despejados clamam por justiça! Abraço terno na luta. Frei Gilvander Moreira


http://globotv.globo.com/rede-globo/mgtv-2a-edicao/v/terreno-invadido-e-desocupado-no-bairro-tupa-em-contagem/2921342/

TJMG MANTEM LIMINAR DE DESPEJO PARA OCUPAÇÃO WILIAM ROSA. Que injustiça! 29/10/2013.

TJMG MANTEM LIMINAR DE DESPEJO PARA OCUPAÇÃO WILIAM ROSA. Que injustiça! 29/10/2013.

O Des. Luiz Carlos Gomes da Mata, da 13ª Câmara Cível do TJMG não acatou o Agravo de Instrumento apresentado pela Ocupação Wiliam Rosa e, assim, MANTEVE A LIMINAR DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE a favor do CEASA, o que quer dizer, autorização judicial para despejar (expulsar) as 4.000 famílias sem-terra e sem-casa que estão na Ocupação Wiliam Rosa, em Contagem, MG, perto do CEASA. Decisão injusta, insensível aos clamores dos pobres. O CEASA não tem nem o registro do terreno, que está registrado em nome do Governo de MG. Agindo assim, o Poder Judiciário demonstra que de fato não existe no Brasil Estado Democrático de Direito, mas existe Estado autoritário, “democrático” apenas para a classe dominante. Julgam o direito à propriedade como se fosse algo absoluto e PISAM sem piedade no direito à moradia, ao respeito à dignidade humana. Por isso só resta à classe trabalhadora se unir, se organizar, “meter o pé no barranco” e conquistar seus direitos, pois se formos esperar representantes do ESTADO só sofreremos injustiças.
É hora de “Daqui não saio. Daqui ninguém me tira. Onde é que é vou morar. Eu não tenho paciência de esperar. Ainda mais com sete filhos, onde é que ou vou morar?” (bis).
Sem-terra e sem-casa, UNI-VOS TODOS! A HORA É DE LUTA ATÉ DEPOIS DA CONQUISTA DA CASA PRÓPRIA.

Abraço terno na luta. Frei Gilvander Moreira

Álbum de fotografias que mostram o vigor e a firmeza da luta do povo guerreiro da Ocupação Wiliam Rosa.

Álbum de fotografias que mostram o vigor e a firmeza da luta do povo guerreiro da Ocupação Wiliam Rosa. 

"Nossos Direitos vêm, nossos Direitos vêm. Se não vêm nossos direitos, o Brasil perde também. (bis). Quem negar nossos direitos, será negado também. Já chega de tanta conversa, sem cumprir para ninguém, mas com todo o povo unido, a luta muda de sentido e nossos direitos vêm..."
























Vida e luta de Willian Rosa Alves.


Tributo ao professor Wiliam Rosa, no cemitério no dia do seu sepultamento.


Eis, na foto, abaixo, uma visão panorâmica de uma das Assembléias Gerais que estão sendo feitas diariamente na Ocupação Wiliam Rosa.

Eis, na foto, abaixo, uma visão panorâmica de uma das Assembléias Gerais que estão sendo feitas diariamente na Ocupação Wiliam Rosa.




Ocupação Wiliam Rosa, em Contagem, MG: Roberto Verônica explica os motivos da ocupação. 22/10/2013.


Ocupação Wiliam Rosa, perto do CEASA, em Contagem, MG: cerca de 4.000 famílias lutando por moradia própria e digna. 21/10/2013.


Ocupação Wiliam Rosa, perto do CEASA, em Contagem: Luta para sair da cruz do aluguel. 13/10/2013.